segunda-feira, 31 de agosto de 2020

Confiabilidade das funções próprias

O que se segue, é um argumento teísta probabilístico sobre a confiabilidade de nossas funções próprias, retirado de um artigo no livro "Two Dozens (or so) Arguments fo God".

Teísmo aqui é representado por T; evolução não teísta por NTE (non-theistic evolution). A confluência da função própria e confiabilidade é representado por R (reliability). LoL é a Lei da Probabilidade (Law of Likelihood).

Onde,

LoL: Se Pr (E|H1) >> Pr (E|H2), então E favorece H1 sobre H2. Isto é, se a probabilidade da evidência sobre a hipótese 1 for maior muito maior que a probabilidade da evidência sobre a hipótese 2, então a evidência favorece a hipótese 1 sobre a hipótese 2.


1. Pr (R|T) >> verdadeiramente pequena. (Premissa)

2. Pr (R|NTE) = verdadeiramente pequena. (Premissa)

3. Portanto, Pr (R|T) >> Pr (R|NTE). (A partir de 1 & 2)

4. Se Pr (R|T) >> Pr (R|NTE), então R favorece T sobre NTE. (LoL)

5. Portanto, R favorece T sobre NTE. (De 1 até 4)


O argumento pressupõe que nossas faculdades cognitivas são confiáveis, o que é justo pensar, uma vez que não poderíamos falar sobre qualquer coisa se não tomássemos tal procedimento auto reflexivo como verdadeiro. Se nossas faculdades cognitivas são verdadeiras, então a probabilidade de T é muito mais alta do que a probabilidade de NTE, uma vez que em T a probabilidade de R ter sido intencionalmente direcionado à verdade é muito maior do que NTE.

sábado, 1 de agosto de 2020

O argumento da contingência

O argumento da contingência foi proposto pelo grande matemático, físico e filósofo Gottfried Wilhelm Leibniz, que lançou uma das perguntas mais complexas que eu conheço (Por que existe algo ao invés de nada?), e cuja resposta ele encontrou, por um exercício de raciocínio, que somente Deus (um ser necessário) poderoso poderia criar o Universo (algo contingente). Eis o argumento que li no livro "Two Dozens (or so) Arguments for God", no capítulo "Why is there anything at all?", em sua versão na lógica modal:

Tomemos como axiomas um pouco de lógica modal:

M: □p → p  [se é necessário que p, logo p]
K: □(p → q) → (□p → □q)  [se é necessário que, se p, então q, logo, se é necessário que p, então é necessário que q]
4: □p → □□p  [se é necessário que p, então p é necessariamente necessário]
5: ◊p → □◊p  [se é possível que p, então é necessariamente possível que p]

Vamos usar ‘N’ para abreviar ‘∃x (N(x))’, onde ‘N(x)’ se lê ‘□(∃!(x) & ◊ (∃y (x é a causa de y)))’. Ou seja, N é um ser necessário (Deus) e causa y no mundo atual, e é contingente (Universo e tudo o mais).

1. Assumamos que ◊N.
2. Então: ◊□N. (□(N → □N), pelos axiomas 4 & 5)
3. Agora suponha (a bem do argumento) que ◊~N.
4. Então: □◊~N. (pelo axioma 5)
5. Então: ~◊~◊~N. (substituindo ‘~◊~’ por ‘□’)
6. Então: ~◊~~□~~N. (substituindo ‘~□~’ por ‘◊’)
7. Então: ◊□N. (porque ‘~~X’ é equivalente a ‘X’)
8. Mas (7) contradiz (2).
9. Logo: (3) não é verdadeiro. ((3) → (8))
10. Logo: ~◊~N.
11. Logo: □N. (substituindo ‘□’ por ‘~◊~’)
12. Logo: N. (□X → X, pelo axioma M)
13: Logo: se ◊N, então N.