Concretismo é o nome de uma teoria em
metafísica exposta pelo grande filósofo americano David Lewis, que também era
famoso por utilização de substâncias alucinógenas. Lewis possuía uma crença
radical concernente à teoria dos mundos possíveis do qual deu o nome de
concretismo, mas que também é chamada de realismo modal: mundos possíveis não
são meramente possíveis como quando se fala no mundo atual e sua contingência,
mas eles são tão reais quanto o mundo em que vivemos e existem no sentido bruto
da palavra.
É importante aqui fazer um
breve comentário sobre a confusão entre mundos possíveis e mundos paralelos.
Vou apenas deixar claro o que não é um mundo possível e no decorrer do texto
ficará mais clara a tese dos mundos possíveis. Imagine que um menino Astrolábio
viajou por zilhões de quilômetros pelo universo e encontrou uma dimensão ou uma
forma de acessar algum mundo onde as pessoas, eventos, línguas, ciências, etc.,
são repetições idênticas ou extremamente semelhantes às que podemos presenciar
aqui neste mundo e universo: Astrolábio não está em um mundo ou universo
diferente do atual. Mundo possível é uma tese metafísica; mundo paralelo
não.
De acordo com Lewis, os mundos
possíveis são "atuais" para os habitantes de outros mundos, embora
seja impossível haver qualquer conexão causal entre um e outro mundo. Também
não é possível fazer qualquer tipo de observação sobre o que acontece em algum dos
infinitos mundos possíveis, nem pra mandar uma mensagem no WhatsApp.
O argumento de Lewis para o
concretismo se forma no fato de que nem todo conhecimento que possuímos exige
um contato causal com o objeto conhecido; podemos conhecer verdades matemáticas
sem apelar para nossas experiências sensoriais. A partir disso, Lewis infere
que da mesma forma os mundos possíveis possuem realidade efetiva e podemos ter
conhecimento disso, mesmo com a condição de impossibilidade de qualquer conexão
causal entre um mundo e outro.
Sendo assim, mundos possíveis
são mundos da mesma forma que o nosso, eles apenas não são atuais para nós por
não se poder indicar o "aqui" e o "agora" dos objetos,
propriedades, etc.
Lewis, diferentemente do
filósofo Alexius Meinong, não admite a possibilidade de que objetos impossíveis
ou mundos impossíveis possam existir. Em sua teoria dos objetos, Meinong
formula a ideia de que objetos impossíveis tal como círculos quadrados
"absistem" dado o valor de sua mínima disposição ontológica. A partir
de algo que ele chama de ser-tal ("sosein") é possível afirmar que a
representação de alguma forma de "objetos impossíveis" indica que o
conteúdo dessa afirmação "absiste". As ideias de Meinong pareciam
indicar que mesmo objetos não atuais e impossíveis não possam existir
"aqui" e "agora", deveria existir algum mundo possível onde
qualquer objeto possível de ser pensado, mas aparentemente impossível de ser
representado deveria, de alguma forma existir em algum mundo possível.
Mas me parece que não
deveríamos apenas depender da intencionalidade do pensamento para inferir
propriedades absurdas e argumentar que a partir dessa possibilidade de valor
ontológico de referência, tudo que é objeto do pensamento deve existir.
Os filósofos atualistas têm
como seu maior defensor atual o filósofo americano Alvin Plantinga. Para os
atualistas modais, mundos possíveis são os infinitos modos de como as coisas
poderiam ser. E nesse sentido, parece evidente pensar nessas infinitas
possibilidades e modos de como as coisas poderiam ser diferente. Não parece
verdadeiro que muitos eventos ou propriedades do mundo atual devem ser
necessariamente como o são. Podemos pensar, por exemplo, naquele instante em
que dizemos para nós mesmos: "eu deveria ter escolhido A no lugar de
B". O que estamos dizendo, nesse caso, é que nossa escolha é uma
contingência e que "existe" (é um estados diferente de coisas atuais)
algum mundo possível onde efetivamente aquela pessoa escolheria A no lugar de
B, se fosse o caso de tal mundo ser atual.
Plantinga então argumenta que
outros mundos não são "realizados", embora pudessem ser. Para ele,
mundos possíveis não são entidades concretas instanciadas, mas que tais mundos
possíveis não realizados são apenas entidades abstratas, ainda que seja
possível de alguma forma especular muito sobre tais mundos possíveis.
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